quarta-feira, 29 de dezembro de 2010

Máscara

Um dia retiraram sem hesitação a máscara que ela usava. E ela, tão acostumada com sua crível encenação, se viu sem mais saber como atuar.
Como riria às pessoas se lhe arrancaram o sorriso estampado da face? Sem a máscara para protegê-la e para embasar a sua cena, como ela se atreveria a tentar se mostrar contente?
Foi quando, de uma forma quase mágica, ela se sentiu livre para permitir que as lágrimas cativas abandonassem enfim o seu olhar vazio e lavassem toda aquela maquiagem já desbotada do rosto.
Mas quem conviveu com a menina alegre e expansiva, não consegue compartilhar as desventuras da moça abatida. Uma escura sombra da garota que fora.
Ainda mais rápido do que um dia pousaram, as pessoas se vão. Apenas fica a solidão. Nada mais.
Mas isso já faz muito tempo...



"Olha...
Será que ela é moça?
Será que ela é triste?
Será que é o contrário?
Será que é pintura o rosto da atriz?"



2 comentários:

Anônimo disse...

bonito isso!

DaniBorboleta disse...

A verdade é que somos, todos nós, seres divididos entre o desejo de construir vínculos e o sonho com uma vida em absoluta liberdade.
No desejo de construir vínculos as vezes criamos mascaras que matém algumas relações. A máscara protege mas também aprissiona. Qdo a máscara cai, só ficam os laços realmente sólidos. Bom, às vezes parece que fica só a solidão e isso dói. Aí, a gente aprende que somos nossa melhor companhia (isso é liberdade!) ao passo que também repararmos em quem sempre esteve ali ao nosso lado. Com o tempo, nos acostumamos com nossa face sem máscaras e reconstruimos vínculos perdidos. No final, é melhor assim... Nada fácil, um constante aprendizado, mas a liberdade é mais interessante que a proteção, não acha? :-*