quinta-feira, 30 de outubro de 2008

Liberdade

Nesse blog eu já postei algumas palavras de um escritor que me foi apresentado há alguns bons anos e que eu rapidamente aprendi a respeitar:


“Amar é ter um pássaro pousado no dedo. Quem tem um pássaro pousado no dedo sabe que, a qualquer momento, ele pode voar.”

(Rubem Alves)


Estava pensando que bonita é a liberdade. Mas, apesar de bonita, amedrontadora. Porque o ser que é livre pode ficar, mas também pode ir. E, quando gostamos de algo ou quando algo nos faz bem, pensamos logo em tomá-lo para nós. Guardá-lo, escondidinho, garantindo que ele nunca se vá. Que fique e nos faça bem. Nos alegre. Porém, mais gratificante do que ter o alvo de desejo aprisionado, é tê-lo livre. Porque, quando ele está liberto, sabemos que ele só está ali ao nosso lado por pura vontade própria. E isso sim é maravilhoso! Que incrível saber que aquele ser admirável deseja que também nós estejamos por perto! Quando aprisionamos, nos consumimos porque não mais sabemos se somos desejados ou se nos impomos simplesmente.

Libertar é difícil. Mas é enaltecedor. Quero sempre ter a coragem de libertar porque saberei que aquele que ficar, o fará por prazer e é isso que me deixará feliz e orgulhosa por ser querida.




segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Borboletando



"O que a memória ama fica eterno."
Rubem Alves



quarta-feira, 22 de outubro de 2008

Reflita

As pessoas geralmente têm grande facilidade em “taxar” outras pessoas baseadas, muitas vezes, em rápidas impressões ou informações superficiais e escassas. Quem ainda não cometeu o erro deselegante de classificar alguém como “antipático”, “arrogante” ou “metido” (dentre tantas outras denominações em geral negativas) tendo como base um breve encontro ou, ainda pior, uma simples análise à distância e não descobriu, a seu devido tempo, que estava enganado?

Isso é extremamente comum, infelizmente, e pode causar males às “vítimas” que os próprios “agressores” desconhecem.

A verdade é que realmente devemos tratar o outro da maneira como gostaríamos de ser tratados. Isso resolveria muitos conflitos e problemas.

Não é nosso papel julgar pessoas, mas se não conseguimos abrir mão desse “direito”, que pelo menos o façamos sem tamanha leviandade. Basear-se, como disse, em simples suposições ou informações insuficientes é apostar na probabilidade de erro.

Na falta da certeza em relação à assertiva, calar-se é a alternativa mais sábia.




sexta-feira, 10 de outubro de 2008

And Now You're Mine






And now you're mine. Rest with your dream in my dream.
Love and pain and work should all sleep, now.
The night turns on its invisible wheels,
and you are pure beside me as a sleeping amber.

No one else, Love, will sleep in my dreams. You will go,
we will go together, over the waters of time.
No one else will travel through the shadows with me,
only you, evergreen, ever sun, ever moon.

Your hands have already opened their delicate fists
and let their soft drifting signs drop away; your eyes closed like two gray
wings, and I move

after, following the folding water you carry, that carries
me away. The night, the world, the wind spin out their destiny.
Without you, I am your dream, only that, and that is all.


Pablo Neruda


quarta-feira, 1 de outubro de 2008

A Você

Há muitos anos nos conhecemos, mas preciso lhe dizer que não fiquei feliz em lhe encontrar. Jamais me esquecerei de quão intensa foi a sua presença na minha vida desde o primeiro momento em que nos fomos apresentados. E também como incomodada eu fiquei com cada aproximação sua.

Você esteve sempre ali a me cercar. Entrava e saía ano, você sempre deu um jeito de aparecer. Nem sei mais dizer quantas vezes eu ordenei para que você fosse embora e me deixasse livre. Já esbravejei com você, já chorei por você, já gritei e lhe insultei. Mas nunca nada disso foi suficiente para fazê-lo desaparecer enfim.

Amaldiçoei a sua existência inúmeras vezes e amaldiçoada acreditei que eu estivesse porque nunca consegui que efetivamente você me deixasse. Você fez sempre parte de mim e da minha vida. Ironicamente, esteve comigo em momentos importantes e inesquecíveis. Segurou com firmeza a minha mão e me fez companhia quando eu perdi amigos queridos. Ofereceu-me o ombro generosamente a cada descompasso que eu vivenciei. Ninguém esteve tão perto de mim como você esteve, cada vez que eu fracassei. E, apesar de toda a sua dedicação por mim, tudo o que eu rogava era que você sumisse!

Você seria capaz de se lembrar das vezes em que cruelmente debochou de mim? Pois eu me lembro de cada uma delas. É bem provável que você já tenha se esquecido. Dizem que as marcas ficam é naquele que padece. Em momentos em que eu depositei toda a minha crença em um projeto, uma parceria, uma vitória ou um amor e fatalmente fracassei, era a sua gargalhada sádica que me torturava. Era nítido que você se divertia com a minha aflição. E também por isso o odiei.

Entretanto, hoje eu preciso confessar-lhe algo. Foi preciso uma boa dose de maturidade e percepção para que eu pudesse constatar - com espanto - o que eu devo lhe dizer agora: apesar de a vida ser sempre muito melhor e mais agradável sem que você apareça e embora eu me sinta tão mais alegre quando você não está comigo, foi graças à imposição dos seus ensinamentos que eu aprendi a crescer. Foi por sua causa que eu precisei me fortalecer e encarar os desafios de frente e com firmeza. Aprendi a enxugar as lágrimas, a me reerguer, a recomeçar, a enfrentar. Aprendi, inclusive, a vencer. E é por tudo isso que eu hoje te agradeço, sofrimento.