"Enxugue a lágrima, pare de chorar
Você vai ver que tudo vai passar...
Enxugue a lágrima, não chore mais
Olha que céu azul, azul até demais..."
"Você vai comigo aonde eu for
Você vai bem, se vem comigo
Serei teu amigo e teu bem
Fica bem, mais fica só comigo...
Quando o sol se vai, a lua amarela
Fica colada no céu cheio de estrela
Se essa lua fosse minha
Ninguém chegava perto dela
A não ser eu e você
Ah, eu pagava pra ver
Nós dois no cavalo de ogum
Nós juntos parecendo um
Na lua, na rua, na nasa, em casa
Brasa da boca de um dragão."
Um dia ela já foi uma grande aliada. Graças a ela eu fui capaz de enfrentar guerras e, muitas vezes, vencê-las. A sua força me proporcionou a estrutura de que eu tanto precisava para enfrentar os meus maiores temores e extirpá-los, um a um. Quando, por alguma razão, não podia superá-los, ela ao menos me fortalecia e me ajudava a permanecer firme. Sempre ereta. Sempre alerta. Sempre resistente.
Sua presença soberana já foi muito importante pra mim. E me orgulho por tê-la tido tantas vezes ao meu lado, impiedosa diante daqueles que pareciam querer me confrontar. Me derrotar.
Tempos passados, tempos passados...
Aquela que um dia me ofereceu vitória, hoje, ainda rígida e vigorosa, me faz encarar situações brandas e inofensivas com a mesma tenacidade de outrora. Mas, ao invés de me favorecer, me leva a engrandecer problemas tão pequenos! Aumenta o desconforto de momentos que poderiam ser resolvidos com serenidade. Destrói a minha chance de superá-los.
Ela não sabe fazer diferente...
Aquela que representava triunfo, hoje pode me fazer cair. Não devo mais contar com a sua ajuda cega. Agora é hora de deixá-la ir. É um momento difícil, pois viver sem ela é quase como recomeçar. Não sei se consigo sozinha. Mais que isso, não sei se consigo tirá-la da minha vida.
Viverei um dia de cada vez. Hoje não conto com ela. Não quero contar com ela. Apenas hoje. Se eu conseguir passar por esse dia sem permitir a sua manifestação, encararei o próximo dia. E assim levarei. Assim tentarei...
Quando as coisas parecem não estar indo bem e a vida toma um rumo estranho, o qual não esperávamos e para o qual jamais nos preparamos, eu acredito que, num primeiro momento, temos o direito de questionar, de nos abater e até de quase nos entregar. Mas esse tempo é importante para que entendamos melhor os acontecimentos, para que nos acostumemos um pouco mais com os novos fatos que nos surpreenderam e, principalmente, para que pensemos em estratégias de “contra-ataque” e reunamos forças para a luta por vir.
Esse momento pode durar dias ou meses, mas dure o quanto durar, ele é tão imensamente importante que não devemos apressá-lo, adiantá-lo. Como disse, é dele que extraímos a força para continuarmos em frente. É por isso que eu acho que não devemos nos culpar se não estamos prontos agora. Se não somos fortes agora.
No momento seguinte, é chegada a hora de “arregaçar as mangas” sem titubear e partir para uma guerra que não conhecemos e que, para o nosso martírio, não sabemos como termina. Seremos vitoriosos? Derrotados?
Mas, nessa hora, só vale lutar, lutar e lutar! Com bravura! É verdade que nesse processo ora estaremos mais fortes e valentes, ora mais fracos e sem esperanças.
E é principalmente no momento do cansaço que devemos contar com a ajuda certa: seja em Deus (se acreditamos Nele), seja nos familiares (que se colocam de prontidão para nos apoiar), seja nos verdadeiros amigos (com grandes experiências e ensinamentos), seja naquela garota atrevida e de personalidade forte do terceiro andar, que por vezes parece tão distante, tão inalcançável, tão dura.
Mas não é.
É alguém que ama vocês e que se preocupa. Sempre se preocupou e sempre amou demais.
Portanto, nesse momento inesperado e triste vocês têm em quem se apoiar.
Talvez as coisas só pareçam mesmo não estar bem e no final vocês ainda olhem para o que passou com o alívio sentido pelo que passou.