segunda-feira, 15 de fevereiro de 2010

Menina dos olhos


Menina de olhos grandes, atrevidos.

Às vezes tenho que lembrar-me do que lhe aconteceu para acreditar. Eu esqueço o tempo todo. E me assusto quando recordo.

Onde eu estava quando esses olhos perderam o brilho?


Menina de olhos pintados, arrogantes.

De tão menina que é, acha que é dona do mundo. Dona da verdade, dona de seu próprio destino. Desafia a tudo com seus olhos insolentes.

Onde eu estava que não percebi o risco que você corria?


Menina de olhos atentos, furiosos.

Olhos tão parecidos com os meus, um dia. Destemida, encara a vida com desdém. Como se jamais pudesse perder o jogo.

Onde eu estava que não lhe ensinei aquilo que já havia aprendido?


Menina de olhos tristes, sombrios.

Permite ser levada pelo vento e com ele vai. Esquece o caminho de casa e nem parece se importar. Vai para nunca mais voltar.

Onde eu estava que não lhe provei que as coisas podiam melhorar?


6 comentários:

Rodrigo disse...

Gostei tbém da munha interpretação, mas agora que entendi... bonito!!

Lívia Dias disse...

;)

Obrigada!
(e eu tb gostei da interpretação que vc havia feito)

DaniBorboleta disse...

muito legal o texto!! merece ser relido...

Lívia Dias disse...

Valeu, Dani!!

Marco Aurélio disse...

(Encontrei um espaço para me manifestar...)

Através da vastidão das nuvens que navegam no céu mutante refletido no vidro da minha janela, lembro-me do tempo que se esvai alarmante em eventos drásticos, ora tão-somente corriqueiros. O que fica é que: quando olho novamente para o reflexo daquela paisagem, nem as nuvens são as mesmas, nem o tempo estancou. É bem verdade que a fotografia, no seu todo, ainda se insinua idêntica. O tempo às vezes também nos trai, dando a crer que não flui.
Mas não é, não.

Lívia Dias disse...

Manifeste-se sempre! =)

Há quanto tempo! Até fiquei com saudades! rs